domingo, 29 de dezembro de 2013

Brasil: indicadores populacionais, educacionais, emprego e renda

Prof. Msc. Alyson Bueno Francisco

O Brasil é um país dotado de diversidades regionais e marcantes disparidades entre seus estados e suas macrorregiões. Apesar as melhorias das condições de vida pelo crescimento econômico nas últimas décadas e geração de emprego e renda, o país ainda enfrenta sérios problemas sociais, principalmente nos setores de saúde e educação. Através da cartografia pode-se analisar as desigualdades regionais existentes neste indicadores sociais e educacionais.
Entre as décadas de 1950 e 1980 o país sofreu um processo de êxodo rural, no qual entre as décadas de 1960 e 1970 a população urbana superou a população rural, tornando o país urbano-industrial. Atualmente, algumas regiões do interior do Nordeste e Norte possuem populações urbanas entre 70 e 80%, ao passo que em algumas regiões metropolitanas do Sudeste a população urbana é de quase 99%, e acima de 95% no interior dos estados mais industrializados. O mapa da figura 01 mostra a distribuição do percentual de população urbana no país.


 Figura 01 - Mapa da população urbana no Brasil. Org.: Francisco (2013).

Além do crescimento vertiginoso da população urbana, as mudanças na qualidade de vida com a urbanização elevaram a expectativa de vida e a queda da taxa de fecundidade de 6 filhos por mulher em média na década de 1940 para apenas 2 filhos por mulher na década de 1990, favoreceram o envelhecimento da população brasileira. Estes aspectos foram mais nítidos nas regiões com maior crescimento econômico urbano que ofereceram mais oportunidades de emprego para as mulheres trabalharem fora do ambiente familiar. O mapa da figura 02 mostra a distribuição geográfica do envelhecimento populacional nos estados brasileiros.


Figura 02 - Mapa do envelhecimento populacional brasileiro. Org.: Francisco (2013).

Apesar das melhorias na qualidade de vida em comparação entre o Brasil agrário-rural para o Brasil urbano-industrial, ainda apresentam-se sérias deficiências nos sistemas públicos de saúde e educação. Apesar do aumento do número de alunos matriculados em todos os níveis de ensino, o Brasil ainda deixa a desejar pela falta de incentivo à carreira de professores, falta de tecnologia e estrutura adequada nas escolas do interior do país, situações que tornam o ensino brasileiro atrasado em relação até mesmo diante de vizinhos latino-americanos. O mapa da figura 03 mostra a distribuição do percentual de crianças com idade em nível de ensino abaixo do aconselhável para seu desenvolvimento educacional, com destaque para altos percentuais nos estados nordestinos como Alagoas, Paraíba e Piauí.


Figura 03 - Mapa do atraso educacional no Brasil. Org.: Francisco (2013).

Em relação à saúde infantil ainda persiste a subnutrição no interior do semiárido nordestino, principalmente pela alta concentração de renda e o efeito das secas severas para a agricultura nas áreas rurais do Nordeste, refletem numa população infantil com carência de nutrientes básicos e consequente mau desenvolvimento até nos adultos. O mapa da figura 04 mostra a distribuição do percentual de crianças abaixo do peso recomendado nas capitais estaduais.

Figura 04 - Mapa de subnutrição nas capitais estaduais. Org.: Francisco (2013).



Se em algumas regiões temos o problema da subnutrição infantil devida concentração de renda, falta de acesso aos hortifrutigranjeiros e falta de recursos destinados à educação e apoio educacional, em centros urbanos começa a se tornar preocupante a obesidade infantil e os futuros problemas que serão gerados à saúde pública pelas doenças cardiovasculares. O aumento do consumo de alimentos industrializados e a influência da cultura do fast food atinge a população abaixo dos 40 anos no Brasil, população esta que se tornou sedentária com os modos de vida nas cidades. O mapa da figura 05 mostra o percentual de crianças obesas matriculadas na 9ª série do ensino fundamental nas capitais estaduais.


Figura 05 - Mapa da obesidade infantil no Brasil. Org.: Francisco (2013).

Em relação aos aspectos de econômicos, a desigualdade de renda no Brasil é uma das maiores no Mundo, sendo mais gritante nos estados das macrorregiões Nordeste e Norte, sendo o caso específico do Distrito Federal a maior desigualdade do país devido altos salários dos políticos e cargos federais em contraposição aos baixos salários dos trabalhadores que prestam serviços na cidade de Brasília e cidades-satélite. O mapa da figura 06 mostra a distribuição da desigualdade de renda no Brasil, cujo índice foi calculado pela razão da média salarial dos 20% mais ricos sobre a média salarial dos 20% mais pobres.


Figura 06 - Mapa da desigualdade de renda no Brasil. Org.: Francisco (2013).

Sobre as doenças endêmicas no Brasil, a dengue está presente principalmente na região Centro-Oeste, com menores incidências na macrorregião Sul devido clima subtropical e setores do semiárido nordestino pela baixíssima pluviosidade regional. O mapa da figura 07 mostra a distribuição das incidências de dengue no país.


Figura 07 - Mapa da incidência de dengue no Brasil. Org.: Francisco (2013).

Em relação às condições de trabalho, o Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão e em pleno século XXI ainda existem formas de trabalho escravo no país, principalmente em regiões onde a atuação do Estado de Direito é incipiente como no interior da Amazônia e em regiões de centros urbanos onde estas formas de trabalho escravo são mantidas graças à corrupção de agentes públicos. Pode-se exemplificar os casos do estado do Pará, apenas no ano de 2011, onde mais de 500 trabalhadores foram libertos das condições de escravidão em carvoarias e exploração de madeira. Até mesmo estados considerados desenvolvidos como São Paulo e Santa Catarina apresentam exemplos de formas de trabalho escravo como ocorre com bolivianos em locais de corte e costura na cidade de São Paulo e em Santa Catarina com a manutenção de mulheres na prostituição. O mapa da figura 08 mostra a distribuição do número de trabalhadores libertos das condições de escravidão em 2011.


Figura 08 - Mapa de remanescentes de trabalho escravo no Brasil. Org.: Francisco (2013).

Outro fator recente nas relações de trabalho é o crescente aumento do fenômeno de terceirização e subcontratação de trabalhadores no Brasil. As conquistas trabalhistas alcançadas com a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho foram aos poucos desrespeitadas pelas grandes empresas e a recente política neoliberal enfraqueceu a atuação dos sindicatos e favoreceu as formas de contratação mais flexíveis, provocando em sérios danos não apenas na qualidade de vida do trabalhador brasileiro e de seus dependentes, bem como, a economia enfraqueceu com o baixo poder aquisitivo já deturpado pelos anos de altas inflações e crises financeiras na América Latina. O mapa da figura 09 mostra os percentuais por município de trabalhadores com carteira assinada no Brasil.




Figura 09 - Mapa da distribuição de trabalhadores com carteira assinada no Brasil. 
Org.: Francisco (2013).



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