Prof. Msc. Alyson Bueno Francisco
O Brasil é um país dotado de diversidades
regionais e marcantes disparidades entre seus estados e suas macrorregiões.
Apesar as melhorias das condições de vida pelo crescimento econômico nas
últimas décadas e geração de emprego e renda, o país ainda enfrenta sérios
problemas sociais, principalmente nos setores de saúde e educação. Através da
cartografia pode-se analisar as desigualdades regionais existentes neste
indicadores sociais e educacionais.
Entre as décadas de 1950 e 1980 o país sofreu um
processo de êxodo rural, no qual entre as décadas de 1960 e 1970 a população
urbana superou a população rural, tornando o país urbano-industrial.
Atualmente, algumas regiões do interior do Nordeste e Norte possuem populações
urbanas entre 70 e 80%, ao passo que em algumas regiões metropolitanas do
Sudeste a população urbana é de quase 99%, e acima de 95% no interior dos
estados mais industrializados. O mapa da figura 01 mostra a distribuição do
percentual de população urbana no país.
Figura 01 -
Mapa da população urbana no Brasil. Org.: Francisco (2013).
Além do crescimento vertiginoso
da população urbana, as mudanças na qualidade de vida com a urbanização
elevaram a expectativa de vida e a queda da taxa de fecundidade de 6 filhos por
mulher em média na década de 1940 para apenas 2 filhos por mulher na década de
1990, favoreceram o envelhecimento da população brasileira. Estes aspectos
foram mais nítidos nas regiões com maior crescimento econômico urbano que
ofereceram mais oportunidades de emprego para as mulheres trabalharem fora do
ambiente familiar. O mapa da figura 02 mostra a distribuição geográfica do
envelhecimento populacional nos estados brasileiros.
Figura 02 - Mapa do
envelhecimento populacional brasileiro. Org.: Francisco (2013).
Apesar das melhorias na qualidade
de vida em comparação entre o Brasil agrário-rural para o Brasil
urbano-industrial, ainda apresentam-se sérias deficiências nos sistemas
públicos de saúde e educação. Apesar do aumento do número de alunos
matriculados em todos os níveis de ensino, o Brasil ainda deixa a desejar pela
falta de incentivo à carreira de professores, falta de tecnologia e estrutura
adequada nas escolas do interior do país, situações que tornam o ensino
brasileiro atrasado em relação até mesmo diante de vizinhos latino-americanos.
O mapa da figura 03 mostra a distribuição do percentual de crianças com idade
em nível de ensino abaixo do aconselhável para seu desenvolvimento educacional,
com destaque para altos percentuais nos estados nordestinos como Alagoas,
Paraíba e Piauí.
Figura 03 - Mapa do
atraso educacional no Brasil. Org.: Francisco (2013).
Em relação à saúde infantil ainda
persiste a subnutrição no interior do semiárido nordestino, principalmente pela
alta concentração de renda e o efeito das secas severas para a agricultura nas
áreas rurais do Nordeste, refletem numa população infantil com carência de
nutrientes básicos e consequente mau desenvolvimento até nos adultos. O mapa da
figura 04 mostra a distribuição do percentual de crianças abaixo do peso
recomendado nas capitais estaduais.
Figura 04 - Mapa de
subnutrição nas capitais estaduais. Org.: Francisco (2013).
Se em algumas regiões temos o problema da subnutrição
infantil devida concentração de renda, falta de acesso aos hortifrutigranjeiros
e falta de recursos destinados à educação e apoio educacional, em centros
urbanos começa a se tornar preocupante a obesidade infantil e os futuros
problemas que serão gerados à saúde pública pelas doenças cardiovasculares. O
aumento do consumo de alimentos industrializados e a influência da cultura do
fast food atinge a população abaixo dos 40 anos no Brasil, população esta que
se tornou sedentária com os modos de vida nas cidades. O mapa da figura 05
mostra o percentual de crianças obesas matriculadas na 9ª série do ensino
fundamental nas capitais estaduais.
Figura 05 - Mapa da
obesidade infantil no Brasil. Org.: Francisco (2013).
Em relação aos aspectos de
econômicos, a desigualdade de renda no Brasil é uma das maiores no Mundo, sendo
mais gritante nos estados das macrorregiões Nordeste e Norte, sendo o caso
específico do Distrito Federal a maior desigualdade do país devido altos
salários dos políticos e cargos federais em contraposição aos baixos salários
dos trabalhadores que prestam serviços na cidade de Brasília e cidades-satélite.
O mapa da figura 06 mostra a distribuição da desigualdade de renda no Brasil,
cujo índice foi calculado pela razão da média salarial dos 20% mais ricos sobre
a média salarial dos 20% mais pobres.
Figura 06 - Mapa da
desigualdade de renda no Brasil. Org.: Francisco (2013).
Sobre as doenças endêmicas no
Brasil, a dengue está presente principalmente na região Centro-Oeste, com menores
incidências na macrorregião Sul devido clima subtropical e setores do semiárido
nordestino pela baixíssima pluviosidade regional. O mapa da figura 07 mostra a
distribuição das incidências de dengue no país.
Figura 07 - Mapa da
incidência de dengue no Brasil. Org.: Francisco (2013).
Em relação às condições de trabalho, o Brasil foi
o último país da América a abolir a escravidão e em pleno século XXI ainda
existem formas de trabalho escravo no país, principalmente em regiões onde a
atuação do Estado de Direito é incipiente como no interior da Amazônia e em
regiões de centros urbanos onde estas formas de trabalho escravo são mantidas
graças à corrupção de agentes públicos. Pode-se exemplificar os casos do estado
do Pará, apenas no ano de 2011, onde mais de 500 trabalhadores foram libertos
das condições de escravidão em carvoarias e exploração de madeira. Até mesmo
estados considerados desenvolvidos como São Paulo e Santa Catarina apresentam
exemplos de formas de trabalho escravo como ocorre com bolivianos em locais de
corte e costura na cidade de São Paulo e em Santa Catarina com a manutenção de
mulheres na prostituição. O mapa da figura 08 mostra a distribuição do número
de trabalhadores libertos das condições de escravidão em 2011.
Figura 08 - Mapa de remanescentes de
trabalho escravo no Brasil. Org.: Francisco (2013).
Outro fator recente nas relações de trabalho é o
crescente aumento do fenômeno de terceirização e subcontratação de
trabalhadores no Brasil. As conquistas trabalhistas alcançadas com a
promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho foram aos poucos
desrespeitadas pelas grandes empresas e a recente política neoliberal
enfraqueceu a atuação dos sindicatos e favoreceu as formas de contratação mais
flexíveis, provocando em sérios danos não apenas na qualidade de vida do
trabalhador brasileiro e de seus dependentes, bem como, a economia enfraqueceu
com o baixo poder aquisitivo já deturpado pelos anos de altas inflações e
crises financeiras na América Latina. O mapa da figura 09 mostra os percentuais
por município de trabalhadores com carteira assinada no Brasil.
Figura 09 - Mapa da
distribuição de trabalhadores com carteira assinada no Brasil.
Org.: Francisco
(2013).
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